Estive numa situação bastante ruim recentemente.
Mais precisamente, na sexta feira, dia 3 de outubro. É inadmissível para mim, passar pela situação de opressão ao qual fui exposta, e nada mais poderia ter feito que reagido, pelo menos, tentado reagir.
Estando eu, na companhia de amigas no happy hour do Pampa Grill do Centro do Rio, um senhor quando não obteve uma resposta positiva em sua investida, permaneceu posicionado atrás de mim, e depois de eu ter que mudar de lugar umas 5x, se posicionou atrás da minha amiga. Sua atitude, apesar de silenciosa incomodava. Ele tocava as costas de minha amiga, e se posicionava como dono dela a todo momento a tocando pela cintura e pelas costas. Chegou ao ponto, depois de 2 avisos dela, de me tirar do sério, essa amiga (antes que especulem que se tratava de namorada e que minha reação teria a ver com orientação sexual, mesmo que fosse, não é sobre isso que se trata) tratava-se da minha mãe. Solicitei que se retirasse de trás dela e depois resistir, quando aumentei o tom de voz, ele se retirou.
Não satisfeito, após ser chamado a se retirar do estabelecimento por um amigo, ele disse na minha direção: "Não vou embora antes de comer o cu dela". O 'dela' referia-se a mim, e ouvindo essa fala ultrajante (nada de preconceito com sexo anal, essa não é a questão aqui), optei por chamar a segurança do local, que riu da minha declaração de assédio, e se recusou a tomar alguma atitude. Após isso, não pude conter minha repulsa e indignação nem a de quem me acompanhava, e apelamos para uma reação violenta, que foi contida pelo segurança, que se colocou a frente do ser humano que estava a fim de comer meu cú simplesmente porque se achava no direito de violar meu corpo por despeito (essa é a questão), porque na mente dele, parecia justo.
Éramos mulheres, sendo desrespeitadas por simplesmente não cedermos às investidas desrespeitosas desse ser que tem liberdade de praticar seus ideais obtusos de opressão e foi legitimada pela casa na figura de um outro ser que caçoou da minha situação e se negou a evitar a continuação do assédio.
Diante dessa situação, que deixo claro, não foi única na minha vida, quis ter voz, já que acreditei que os debates a cerca do combate ao machismo e o respeito às minorias estava avançando na sociedade, senti que tinha voz e poderia sim reclamar diante de situações como essa. Esbarrei num conservadorismo que foi evidenciado, dois dias depois, nas eleições do dia 5. Sabendo, hoje, da grande votação alcançada por conservadores aos cargos do Legislativo, diante da gigantesca massa de seguidores de seres que vomitam preconceito e ódio como Bolsonaro, parece que não adianta querer ter voz, as pessoas não estão preparadas para respeitar um ser humano sem impor regras ou algum tipo de opressão. Elas querem impor sua voz diante de um outro indivíduo, querem de certa forma repassar a opressão à diante, querem seguir padrões comportamentais religiosos duvidosos pois segregam e são interpretados a favor de discursos que pregam ódio e preconceitos. Depois desse fim de semana em que o resultado de eleições para deputados e senadores vislumbram um cenário de 4 (e 8) anos de intenso regresso social e ideológico no Legislativo, fico com medo de sair na rua. Fico com medo do tamanho do buraco que essa sociedade cava para si, como se não estivéssemos dentro de uma caverna beeeeem funda. Fico me sentindo não representada como ser humano.